terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Tudo aqui é antigo III

Os furúnculos que atormentam os suicidas

O sol que incendeia o juízo

A torpeza que paralisa os débeis

A insanidade que reluz os delírios dos gênios

O som do ventilador na madrugada

A delicadeza das flores selvagens

E a esperança que esse esquimó pousado sobre meu ombro esquerdo

Revelará a qualquer instante o sentido exato de sua presença

Tudo aqui é antigo

O amor o amor o amor e as trevas de onde brota todo amor

A suavidade a suavidade a suavidade e o engano onde arde tudo que é suave

E essa estrela vermelha carregada por um condor machucado

À espreita de um passo em falso

Ou de um súbito instante de iluminação

Tudo aqui é antigo

Essa memória primitiva que nos protege de nós mesmos 

E a permanente saudade de tudo que não chegamos a viver...


nuno g.

Ioróró, 18/12/24

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