os mortos que andam comigo são muitos
e têm fome
e têm sede
e têm dedos longos como os dos pianistas
os mortos que andam comigo são muitos
e têm sonhos
e têm olhos de lua
e vestem roupas negras à maneira dos que carregam o peso do luto
os mortos que andam comigo sabem beijar
os mortos que andam comigo estão sempre em carne viva
os mortos que andam comigo se reproduzem na velocidade dos ácaros
os mortos que andam comigo sobreviveram a cem mil chacinas
os mortos que andam comigo têm cílios esverdeados
e as peles cobertas por escamas de sal
os mortos que andam comigo falam muito
se excitam facilmente
e quando entram no mar
esquecem todas as promessas das últimas madrugadas...
nuno g.
fortaleza, 25 de junho de 2018.
quarta-feira, 25 de julho de 2018
quinta-feira, 5 de julho de 2018
...
impossível adivinhar a duração
ainda e mesmo depois de qualquer início
tudo se desfaz
se decompõe
seja um rio
seja uma tarde
seja a carne
depois que rasgamos todo o alfabeto
só resta o deserto da desolação
a melancolia em estado bruto
e o frio que assola nossos
pés descalços
nuno g.
ainda e mesmo depois de qualquer início
tudo se desfaz
se decompõe
seja um rio
seja uma tarde
seja a carne
depois que rasgamos todo o alfabeto
só resta o deserto da desolação
a melancolia em estado bruto
e o frio que assola nossos
pés descalços
nuno g.
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