Chamava-se Ricardo.
Aparecia todos os anos no meu aniversário.
Trazia uma máquina fotográfica e um sorriso desses que mostram os dentes.
Eu esquecia que meu pai estava morto.
Eu esquecia que todos ali o detestavam.
Eu esquecia que trazíamos o mesmo nome ferrado às testas.
E me entregava à fantasia que o fotógrafo era meu pai.
Acabava a festa e ele partia.
Brinquedos, roupas, doces e salgados.
E a memória de que ao menos uma vez ao ano o espelho refletia minha imagem.
nuno g.
Toróró, 21/10/24
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