segunda-feira, 14 de outubro de 2024

brilhantes pedras finas.

   Alzira cuida - e isso diz muito, quase tudo. No quase o que a esse narrar interessa: espécie de interstício entre o nada e o nada ou pequeno e indecifrável vácuo entre o osso e o osso. Como naquele chão sem chão que habitamos quando sinceros, ou seja, quando abandonamos os livros de história e os miseráveis manuais religiosos. Os cabelos de Alzira, o olhar de Alzira, a forma como o silêncio de Alzira se move dentro de nós. Abrindo túneis, semeando serpentes, nos conduzindo do deserto às águas e das águas ao deserto. Alzira e o quase são em essência o mesmo. Assim como o que ela ensina e o que já sabemos em tudo coincidem. Alzira veste roxo, ama a lama e quando canta serena até o coração de Tempo. Alzira aqui significa soslaio ou aquela que vê o que nos impede de ver. Por isso também lhe chamam ocasionalmente de lua indecifrável ou de Senhora das coisas que aconteceram antes dos acontecimentos que nos moldam. Alzira também significa respeito, caminho estreito e pérolas resplandecentes.


nuno g.
Toróró, 14/10/24.

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