sexta-feira, 30 de setembro de 2016

tradução: laberinto: sergio mondragón


labirinto

Não basta
olhar
é necessário colocar em movimento
os sonhos do cavalo marinho
da memória
os suntuosos palácios
sonhados esta madrugada
não basta
escrever o poema
é necessário submergir na concentração
do varrer
do amar do olhar o chifre de uma formiga
é possível então precipitar a correr
de frente em direção ao mistério
contido
numa taça de chá;
o poema logo se organiza
a máquina para e a paisagem começa a cantar
desliza-se a mão pelo lombo do vento
um novo grito no bosque se inaugura
um novo canto goteja em direção ao asfalto
meu cão reza de joelhos
meu moinhozinho de orações trepida com o vento
já tudo é uma feira de cabeça para baixo
como uma virgem perseguida nos corredores do
                                                           labirinto
o místico labirinto
de uma vara e uma caixa de resina
em que guardo meu poema
o dobro
e o coloco nas estantes da cabeça
enquanto sais à rua
e andas como entre os livros da biblioteca
como entre a lembrança do poema que tramas
enquanto repetes a si
não basta olhar
é necessário

trad: nuno g.

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