para Maria Alice & Claudio Reis,
Ontem, regressando da aula, encontrei um cassaco na estrada.
No mesmo exato lugar onde dias atrás um gato e uma serpente se engalfinhavam.
Talvez fosse o mesmo cassaco que eu e Alice encontramos em Arraial d'Ajuda anos atrás.
Naquele dia saímos para olhar estrelas na praia.
Caminhamos da vila ao chalé e no caminho encontramos o pequeno gambá.
Sempre recordo dessa noite e da fé que aquelas estrelas acenderam em mim.
Ontem, fiquei a recordar de um carnaval antigo em Campina Grande.
Troquei um exemplar de o sol e a maldição pela obra de Augusto dos Anjos.
Possuído pela fúria do Sétimo e pela euforia desmedida.
Saciei minha sede com todo o álcool do mundo.
E entre budistas, daimistas, hare krishnas, devotos do Sai Baba e toda sorte de místicos.
Saí recitando poema negro pela Serra da Borborema.
Naquela noite, ainda presenciei a cítara enfeitiçada de Alberto Marsicano.
Exausto e completamente embriagado, desmaiei num canto da praça.
No outro dia despertei sob o olhar dos transeuntes atarefados.
Ao meu lado o livro de Augusto dos Anjos.
Uma vaga recordação que meu livro agora repousava na estante de um sebo paraibano.
E a mão fraternal de Claudio Reis me erguendo das frágeis ruínas de meu desamparo.
Tomamos um caldo e mais uma vez pensei em de aí por diante:
nunca mais escrever versos...
nuno g.
Toróró, 09/11/24
Nenhum comentário:
Postar um comentário