sábado, 17 de abril de 2021

A cegonha, por Annibal Teophilo

 Em solitária, plácida cegonha,

Imersa num cismar ignoto e vago,

Num fim de ocaso, à beira azul de um lago,

Sem tristeza, quem há que os olhos ponha?


Vendo-a, Senhora, vossa mente sonha

Talvez, que o conde de um palácio mago,

Loura fada perversa, em tredo afago,

Mudou nessa pernalta erma e tristonha.


Mas eu, que em prol da Luz, do pétreo, denso

Véu do Ser ou Não Ser, tento a escalada

Qual morosa, tenaz, paciente lesma,


Ao vê-la assim mirar-se na água, penso

Ver a Dúvida Humana debruçada

Sobre a angústia infinita de si mesma.


Annibal Teophilo

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