domingo, 6 de junho de 2021

Sobre o Cisne de Stéphane Mallarmé, por Eduardo Guimaraens

Um Sonho existe em nós como um cisne num lago

de água profunda e clara e em cujo fundo existe

outro cisne alvo e triste, e ainda mais alvo e triste

que a sua forma real de um tom dolente e vago.


Nada: e os gestos que tem, de carícia e de afago,

lembram da imagem tênue, onde a tristeza insiste

por ser mais alva, a graça inversa em que consiste

a dolente mudez de um espelho pressago.


Um cisne existe em nós como um sonho de calma,

plácido, um cisne branco e triste, longo e lasso

e puro, sobre a face oculta de nossa alma.


E a sua imagem lembra a imagem de um destino

de pureza e de amor que segue, passo a passo,

este sonho imortal como um cisne divino!


Eduardo Guimaraens

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