segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Ilha do desterro.

Célia foi minha professora de datilografia,
Bia era irmã dela e
Lúcia, sua melhor amiga.

sonhei com o Martim do clube de forró,
com o Manoel Gonçalves da cerâmica e
com Sara - só ela segue viva.

Hoje é a data que Maria nasceu,
cinco para uma da tarde,
Valle de Bravo - México.

Se eu fosse Bandeira,
teria aqui o suficiente para um poema,
mas não sou e estou desde as cinco esperando o telefone atender para cantar as mañanitas.

O poema se chamaria ilha do desterro.
teria cheiro de rio e a beleza de Bia.
teria gosto de rio e a coragem de Lúcia.
teria textura de rio e a seriedade de Célia.

O poema seria o vasto rio onde corre toda a saudade do mundo.
e até Bandeira teria que reconhecer que entre a Sina e o Nada transcorrem nossas vidas.

Ontem fui à praia do Montecristo,
onde deságua este poema no mar,
escrevi nas areias teu nome, Maria,
e ainda que uma noite de mil anos nos atravesse,
nem o vento, nem as águas, nem as mãos da imprudência,
serão capazes de apagar.

nuno g.
23 de novembro.

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