sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

...

tá nas mãos da providência
irônica, sábia e cheia de sardas
ruivinha como a madrugada
monge profana
que de tanto refazer a própria pele
aprende ensina ladra morde lambe cheira e
clareia águas
tá nas mãos do tempo
forma destino sina
reviravolta dentro e fora
dedicar a vida toda a algo sem serventia dada
livrar-se de qualquer resquício de ideologia
saber que só na forma habita o espírito
sentir poesia pulsando como a dor de um calcâneo torado
quem semeia alvos / colhe dardos
quem semeia labirintos / colhe minotauros
samba cachaça recolhimento santidade
quem sabe um dia a compreensão
poesia nada e tempestade
sempre
sturm und drang
agora

nuno g.

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