labirinto
Não basta
olhar
é necessário
colocar em movimento
os sonhos do
cavalo marinho
da memória
os suntuosos
palácios
sonhados esta
madrugada
não basta
escrever o
poema
é necessário
submergir na concentração
do varrer
do amar do
olhar o chifre de uma formiga
é possível então
precipitar a correr
de frente em direção
ao mistério
contido
numa taça de
chá;
o poema logo
se organiza
a máquina
para e a paisagem começa a cantar
desliza-se a mão
pelo lombo do vento
um novo grito
no bosque se inaugura
um novo canto
goteja em direção ao asfalto
meu cão reza
de joelhos
meu
moinhozinho de orações trepida com o vento
já tudo é uma
feira de cabeça para baixo
como uma
virgem perseguida nos corredores do
labirinto
o místico
labirinto
de uma vara e
uma caixa de resina
em que guardo
meu poema
o dobro
e o coloco
nas estantes da cabeça
enquanto sais
à rua
e andas como
entre os livros da biblioteca
como entre a
lembrança do poema que tramas
enquanto
repetes a si
não basta
olhar
é necessário
trad: nuno g.
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