sexta-feira, 2 de julho de 2021

CARTA DA VOLTA, Revista Pindaíba

 Recomeça....

 

Se puderes

Sem angústia

E sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

 

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.

Sempre a sonhar e vendo

O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças...

              Miguel Torga

 

 

Saudações pindaibísticas!

Comparsas, a esfera voltou a girar! Em  2021 a revista Pindaíba completa 18 anos. Quatro edições publicadas e uma quinta prestes a ir ao prelo.

 

Há cinco anos lançamos a quarta edição e concluímos que já bastava. A Pindaíba deveria morrer pois fazia parte de um tempo que deixou de ser. Observamos as mudanças profundas que estavam acontecendo no mundo e também ao nosso redor, no nosso reduzido universo das relações próximas e pessoais... O velho Benfica dos anos 90 e começo dos anos 2000 (quando começamos) com seus bares de esquina e butiquins; o Brasil da era Lula e PT; a América Latina com seus governos nacionalistas e populares não mais existiam. Tudo se desfazia no ar e um novo mundo, com perspectivas sombrias, se manisfestava. Portanto, entendíamos que a quinta edição seria a derradeira. Se ainda teimássemos em fazer revista deveria ser uma outra, com novas características, que refletisse os “novos tempos”...

 

Embalados pela ideia da Morte da Pindaíba, logo organizamos a nova e última edição. Nos reunimos na Praça João Gentil, decidimos sobre o caráter da coletânea de contos e poemas, deliberamos sobre as matérias, recebemos os textos, criamos o projeto gráfico e fizemos a diagramação. A ideia era lançar ainda no ano de 2017. No entanto, como não poderia deixar de ser, a vida surpeendeu: nesse ano perdemos um comparsa muito querido, pindaibeiro mor, pelo seu modo de ser e encarar a existência; Carlos Jorge encarnava, como ninguém, o espírito contestador da Pindaíba. Para além, CJ  representava esse velho Benfica onde costumávamos nos perder noites afora, esse Benfica que havia passado. Ao meu ver, CJ  é o símbolo maior, pelo menos para nós pindaibeiros, dessa era de sonhos etílicos, de brisa e madrugadas marginais.

 

A partida inesperada de nosso amigo causou um refluxo. Os encontros na praça pararam de acontecer, a produção da quinta edição passou a operar em modo “banho-maria”, a esfera parou de girar... Essa paralisia perdurou até o fim de 2019, quando ventos de entusiasmo voltoaram a embaralhar nossas cabeleiras. Reavaliamos a ideia de matar a revista e a desconsideramos totalmente. PINDAÍBA VIVE! passou a ser nosso lema, o oposto. Avaliávamos agora que a morte já havia levado seu tributo; já tínhamos perdido o CJ. A Pindaíba não cederia mais nada à senhora contratante de Caronte, pelo menos não agora. Essa retomada merecia uma celebração. Organizamos uma confraternização de fim de ano na saudosa casa do Manoel, no Benfica, com a convicção de que no primeiro semestre de 2020 a revistinha seria lançada. Ledo engano. Mais uma vez a vida veio e nos deu uma rasteira. Iniciava-se naquele ano a Pandemia do Corona Vírus, acentuada aqui no país pela  nefasta polítca do flagelo Bozonazi e as serpentes golpistas. Tivemos que estacionar a esfera mais uma vez. Algo muito mais urgente requeria nossa atenção.

 

Pois bem, após esse histórico, me permitam afirmar que uma nova oportunidade se apresenta.  O povo tá ocupando as ruas novamente, dessa vez para protestar. Na verdade a maioria dos brasileiros nunca pôde deixar as ruas. O isolamento social, segundo estatísticas, só alcançou 27%  da população. A massa de trabalhadores continuou obrigada a dividir ônibus e metrôs lotados, assim como as linhas de montagem das grandes indústrias e comércios. Devemos aproveitar essa onda de protestos para se juntar às manifestações e também, com a vontade renovada, trazer a Pindaíba à luz.

 

A revista está pronta, terá 140 páginas. Além da coletânea COLÍRIOS E DELÍRIOS de poemas e contos, reunindo 34 autores, essa edição traz: 4HQs; entrevista com o grupo cearense de teatro Pícaros; entrevista com Jonnata  Doll; matéria sobre o poeta cratense Geraldo Urano; matéria sobre a cena marginal da literautura de Natal/RN; matéria sobre a literatura independente de Teresina/PI e a tradicional seção TÔ PUTO! (os “tô puto” serão acrescidos após uma campanha de divulgação).

 

Muito é preciso fazer. Vamos começar a etapa de divulgação e campanha financeira. É necessário o engajamento de todos, pois só é possível a publicação com o empenho coletivo dos pindaibeiros.

 

Vamos novamente nos reunir  na Praça João Gentil no sábado 17/06. Todos com máscaras e mantendo  o distanciamento proporcionado pelo espaço livre da praça. Na ocasião apresentaremos o boneco impresso para que os autores possam verificar a revisão; informaremos os valores da gráfica; discutiremos as atividades de divulgação e de venda e a participação da revista nas manifestações. Quando mais próximo, informaremos horário e a pauta de discussão mais específica. Os pindaibeiros que não puderem comparecer ou que ainda não se sentem seguros em participar de atividades desse porte, podem requerer  encontros pessoais na semana seguinte para esclarecimentos e ficar a par dos informes e encaminhamentos.

 

Sem mais no momento,

Abraços e Vida Longa à Revista Pindaíba!!!

 

André Dias

Fortaleza/CE. 29 de junho de 2021

3 comentários:

  1. Vida longa a Pindaíba! Viva, viva! Nuninho, o encontro dos Pindaibeiros será dia 17 de julho , não? André colou junho... a João gentil é nossa afetuosa Gentilândia?

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    1. Oi, Raquel, como estás? Sim, dia 17 de JULHO. João Gentil a praça da banca de revistas do Agripino.

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