Ela nunca esteve entre nós.
Talvez por isso podia falar de Eliana antes da queda.
De suas coxas brancas, seus êxtases e suas manhas.
Carregou o estigma da adoção como quem carrega um daimon de aço.
E o nome da santa indígena saída das águas de um rio.
Ela nunca esteve mesmo entre nós.
Não lhe reservaram convite nem lugar à mesa.
Talvez por isso podia passear com seus cães pela cidade.
O estigma sempre arrastado à coleira.
E pouca razão à ferocidade.
A lei do luto lhe levou à metrópole.
Casou. Enviuvou. Cruzou a fronteira da península.
E desapareceu numa Espanha de touros e esquecimentos.
nuno g.
Toróró, 03 de agosto de 2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário