O tempo é a melhor testemunha do quanto se vive.
Uma ciranda que roda, circulando mão a mão, na roda do tempo, enquanto se olha o céu.
Penso que vivo pouco e devagar. Olho pouco para trás. Mas é quando olho para o lado que vejo quantas mãos me seguram nessa ciranda.
Porque o tempo não para, e por vezes acelera ou recua, e é onde a ciranda se embaralha, algumas mãos se soltam, a gente tropeça e precisa depois correr, braço estendido, tentando alcançar o perdido.
A ciranda é potente e ciclicamente retorna ao ponto inicial. Suspeito que serve para recuperar o fôlego, sorrir de volta, ajeitar a coluna e... alcançar o perdido.
Nessa ciranda o tempo marca o tom, o compasso, o recomeço e por vezes, o fim. Por mais que nunca estejamos preparados ou desejosos do fim.
Mas rodando com a ciranda certa, mão a mão, com chuva ou sol, amor e um pouco de raiva, a gente chega ao fim, sorrindo.
Rodando cheguei até aqui. E quando olho para lado, ciranda que a vida me deu, vejo que o tempo me foi generoso: mão a mão, os amigos rodam comigo enquanto ainda olhamos o céu.
Ayla Andrade.
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