para Larissa Gonçalves,
A espada, a balança e os lírios brancos.
Os beija-flores e essa pedra que sustenta o Mundo.
Tudo gira e a gira tudo cura.
Tudo gira e o girar nos serve de alimento.
Aquieta nossa fome - faz serenar a Sede.
O mel, o arco, a espada.
E esse silêncio que clama por mais silêncio.
O tempo do ventre e as feridas que trazem mapas dentro.
O poder de cartografar cicatrizes.
A luz que só sobrevive no escuro.
E esse saber das dietas e dos jejuns.
Rei, chefe e Senhor das matas sombrias e dos céus nublados.
Em vós meus temores imaginários.
Por vós meu caminho e todas as severas encruzilhadas.
Ave real, rainha da Floresta e sombra que por ser sombra é ensinamento.
Aqui é escola onde todo dia se aprende que não se sabe nada.
Aqui é lugar de cura onde se entende que a cura é sempre caminho e nunca chegada.
Teu nome seja chão, abrigo e morada.
Tua terra seja terra onde nossos pés encontrem sempre jornada.
Água límpida e corrente.
Poço das Onças: Poço da mãe D'água: Valle de Bravo.
Em Amargosa um dia Eles vieram.
Eram dois e muito velhos.
Abriram uma fenda entre o Nada e o Nada.
E me guiaram até esse aqui, esse agora.
Não encontro a palavra para saudá-los.
Então lhes ofereço essas pipocas.
Esse milho estourado ao fogo de candeeiro.
Ave real - sempre vós entre o mar e meus olhos.
Ave real - em que outras asas teríamos cruzado tantas vezes o Raso da Catarina?
Bendegó e a pedra.
Canudos e a memória do que poderíamos ter sido.
Caldas do Jorro e as águas quentes e curativas do ventre da terra.
Ibó, o Velho e o rio - o Rio e o Velho.
Icó, a cabeça de Touro enterrada sob a Igreja da Virgem da Conceição.
A Floresta do Araripe - signo de seguimento.
Basquiat - em sonho, fé, fundamento e amizade.
Senhora dos doces lábios.
Teus véus aqui em proteção e espera.
Archanjo Azul - destino a teus pés em devoção entregue.
nuno g.
Toróró, 26 de setembro de 2023.
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