todas as águas fora do leito
e esse insistente rogar de passagem
como salamandras ardendo no fogo
ou esse contínuo sonhar que nos conduz
como cegos ao palácio dos beija-flores
e esses cães guardando o tempo
todas as areia se movendo em círculos
como se não houvesse mais centro
ou essa noite estendida sobre a umidade das ervas
e esse insistente perfume do ventre
todas as águas nessa água que brota
e esse insistente rogar por um chão
como se houvesse qualquer fronteira possível
entre a loucura e a nitidez
entre o real e o mais-real
entre o que se diz e o que se escuta
entre o que se assenta e o que se faz aéreo de todo
e esses cães guardando o tempo
e esses cães guardando o Nada
e esses cães nos guardando de nós mesmos
do que somos / do que nos aguarda / de tudo ao qual dissemos não
e esse insistente rogar rompendo o silêncio
servindo à mesa nossos medos imaginários
extraídos à fórceps de um antigo dicionário
labirinto de rupestres inscrições gravadas no seio fértil da memória...
nuno g.
Toróró, 22 de setembro de 2023.
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