Sonhei com Inaê três vezes.
Na lua seguinte sonhei com os guardiões de Tempo:
sustentando as colunas do Astral.
Umas luas antes sonhei com Ernesto e seu Caminho Amarelo.
Quando acordei havia uma cobra de duas cabeças em casa.
Dino a atalhou atrás do armário branco.
A esperança e a morte são boas amigas.
Na estrada os fascistas trocavam sorrisos como se o amanhã lhes pertencesse.
Sonhei com Benedito e Maria.
Eles se banhavam no rio enquanto as onças uivavam na serra.
Um gato deitou no meu colo e juntos cruzamos a madrugada.
Seu pelo era macio e suas orelhas eram espetadas.
Sonhei com Inaê três vezes.
Nas três ela era uma senhora muita velha.
Coberta de flores roxas e lama de mangue.
As canções do motorhead me recordam muitas coisas.
Olhar as juremas floridas espanta tristezas.
Feridas servem para saber que estamos vivos.
O fascismo nos ensina a desconfiar de amabilidades.
Sonhei com Inaê três vezes.
Em outra lua sonhei com o Senhor da Justiça.
Ele trazia às mãos uns lírios brancos da Mãe d'água.
Devolvemos a cobra de duas cabeças ao mato.
E quando acordei o dinossauro não estava mais na sala.
nuno g.
Toróró, 01/10/22.
As crianças abrindo os caminhos....
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