sábado, 1 de outubro de 2022

sonhos

Sonhei com Inaê três vezes.

Na lua seguinte sonhei com os guardiões de Tempo:

sustentando as colunas do Astral.

Umas luas antes sonhei com Ernesto e seu Caminho Amarelo.

Quando acordei havia uma cobra de duas cabeças em casa.

Dino a atalhou atrás do armário branco.

A esperança e a morte são boas amigas.

Na estrada os fascistas trocavam sorrisos como se o amanhã lhes pertencesse.

Sonhei com Benedito e Maria.

Eles se banhavam no rio enquanto as onças uivavam na serra.

Um gato deitou no meu colo e juntos cruzamos a madrugada.

Seu pelo era macio e suas orelhas eram espetadas.

Sonhei com Inaê três vezes.

Nas três ela era uma senhora muita velha.

Coberta de flores roxas e lama de mangue.

As canções do motorhead me recordam muitas coisas.

Olhar as juremas floridas espanta tristezas.

Feridas servem para saber que estamos vivos.

O fascismo nos ensina a desconfiar de amabilidades.

Sonhei com Inaê três vezes.

Em outra lua sonhei com o Senhor da Justiça.

Ele trazia às mãos uns lírios brancos da Mãe d'água.

Devolvemos a cobra de duas cabeças ao mato.

E quando acordei o dinossauro não estava mais na sala.


nuno g.

Toróró, 01/10/22.


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