para Janaína, Maria Alice e Ian,
Ele veio mais uma vez.
Levou Tempestade, seu cavalo.
O sol amarelou o mundo.
O fascismo fazendo ferver a terra.
a jangada que voa no mar
voa no meu coração
As águas do Jaguaribe são sim as águas de todos os rios.
Ele veio uma vez mais.
Para não esquecermos que a terra que pisamos é cemitério indígena.
E que quando as onças cantam futuro e passado se tornam sinônimos.
Ele veio e disse: desconfiem.
Que o neocolonialismo seja sinônimo de neofascismo assusta.
Só quem deseja matar uma vez mais os mortos não sente temor e ódio.
Nós estamos vivos.
Conectados ao sangue tapuia que corre naquele rio.
As águas do Jaguaribe são sim o sangue que corre nas minhas veias.
Ele veio. O sol brilhou majestoso.
Tempestade se foi.
O galo também.
Quando eu morrer se escreva à lápide com a tinta do meu sangue:
a morte de meus pais não foi em vão
e que a jangada siga singrando entre o mar de constelações...
nuno g.
Toróró, 04/10/22
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