sábado, 12 de setembro de 2020

Fantoches, por Francisco Espinhara

Os fantoches da rua Sete 

Seguem cegos na procissão.


A puta diurna da Palma

Traz uma venérea na alma

E uma cova diária na mão.


Da Ponte Velha a secular ferrugem

Reticente ao trajeto branco da nuvem

Come o estrado, o arco, o vergão.


Os poetas esquecidos no beco

Transam sangue a trago seco

Dormem como trapos sobre o chão.


Recife, musa, maldição

Cadela suja, traiçoeira

Seta certeira

Encantada cidade do cão.


Francisco Espinhara

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