à memória de Augusto dos Anjos,
Pina, a gata, arranha a casca da jurema preta.
Um barco sobe o Paraguassú com filhos-de-santo saudando com palmas as águas.
A tempestade se foi, não se ouvem mais os trovões.
Embora as nuvens sigam reinando nos céus.
Seu Antonio feriu o pé com espinho de roseira.
Uma voz distante nos abraça e promete alguma ternura antes dos dias de folia.
Um vento suave vem do Himalaia e leva algumas pesadas formas-pensamentos.
Mistérios Sussuarânicos, pássaros de Hermenegildo com metais no bico.
Pássaros de Hermenegildo com minerais no bico.
Uma canção na voz Gaeth soprando paz e paz e ternura e paz e fécula de alimentos e paz.
As Marias se conversam.
Alice traça uma genealogia sem-fim com Clarice.
Como se cem anos de solidão não fosse mesmo suficiente.
Assucena sorri e seu sorriso me fala do trabalho de todos os seres que a trouxeram até aqui.
Larissa sonha com a força pura e potente do parto.
Larissa sonha com o mais intenso e cintilante do parto.
Larissa sonha e em seu sonho o próprio parto está se parindo.
O gavião do Montecristo nos visita.
Um vento suave do Himalaia o traz até aqui.
Que nunca falte mel em meus olhos.
E que quando a tempestade voltar eu ainda esteja aqui.
Eu, Hermenegildo e seu estranho cavalo com asas de rinoceronte norte-coreano.
nuno g.
Toróró, 28 de janeiro de 2024.
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