Bruno nunca pode esquecer nossa pereginação aos cemitérios barrocos.
O que sim ele esqueceu é que também fomos ao mosteiro budista.
E à casa do rasta que cultivava ervas sagradas.
Isso faz tempo, muito tempo.
São reminiscências que me povoam.
Como aquele show do Arrigo Barnabé.
Ou a alegria nos olhos de Malu se preparando para ir à fliquinha.
Enquanto o gavião pousou no horizonte de Gabriel.
A lua está aqui - como esteve em cada cemitério de Ouro Preto.
E depois de depois de amanhã é finados.
O caracol vem chegando sem pressa.
Estávamos em Minas.
Terra de Milton, onça verdadeira, voz de deus, cio da terra.
Assucena acorda.
Adeus mosquiteiro / pulgas e carrapatos vão brincar no chiqueiro.
Também recordo Bruno fazendo a família parar a ouvir Bob Marley.
Reminiscências de um futuro tão distante e tão próximo.
Enquanto as bananas da terra cozinham e piso no pilão a canela.
Romeu é um gato educado e cheio de charme.
Alice o batizou assim.
Meu avô, seus cigarros e um copo de whisky.
É o único que me chega daquelas fotos do Recife.
O resto é névoa e neblina.
O resto é escuridão e a triste farsa dos que temem a morte.
A lua, o gavião, a serpente e o cio da terra na voz de Milton.
Adeus mosquiteiro / pulgas e carrapatos vão brincar no chiqueiro.
O Velho em forma de pássaro alaranjado.
O medo do medo de Gabi soprando na brisa do amanhecer.
Alice ensaia ensaia ensaia.
Já será Senhor dos Mares empunhando tridente entre barcos piratas.
As bananas estão cozidas / A canela feita em pó.
Finados está chegando - eu e minhas ruínas e o amor ao mistério.
Adeus mosquiteiro / pulgas e carrapatos vão brincar no chiqueiro...
nuno g.
Toróró, 29 de outubro de 2023.
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