Primeiro veio o infiltrado.
Veio de longe, muito longe.
E apagou o rastro das distâncias que percorrera.
Bateu a cabeça e morreu.
Seu corpo se dissolveu em pura música.
Em seguida veio o bebê.
Órfão.
Bateu a cabeça e morreu.
Depois vieram as águas.
Levaram os peixes e as redes dos pescadores.
Voltamos à aldeia.
Às mesmíssimas ilhas de pedras onde nasceram
o mausoléu, as sombras e a encruzilhada.
Fizemos uma grande fogueira no centro do mundo.
Banhamos em sal e ervas os colares e as coroas.
Voltamos à aldeia.
Ao mesmíssimo montículo de areia e solidão onde nasceram
as fúrias, a angústia e as aflições.
Choveu sete dias sobre o reino.
E só então entendemos o que a serpente nos dissera
sobre o nunca, o vazio e o nada.
nuno g.
Stella Maris, 10 de abril.
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