quarta-feira, 13 de março de 2024

oração ao rés do chão.

 ao Senhor dos Cemitérios,

aos Erês que O acompanham,


Assucena brincando na casa da árvore.

As bananeiras, o abacateiro e a mangueira.

Do outro lado da cerca, a árvore das lagartas cortada por ordem do Almirante.

A terra chora sempre que uma árvore é cortada.

Larissa sobe os degraus com alegria.

Vós que aqui entrais, abandonai todos os medos.

Os fogos amanhecem a cidade heróica.

Com suas ruínas exuberantes.

E as cicatrizes do desleixo português por todos os cantos.

Com seus mistérios e mistérios e mistérios.

Assucena brincando na casa da árvore.

Vós que aqui entrais, abandonai todos os medos.

Vaga recordação de um sonho em que Paçoca vomitava borboletas amarelas.

Presságio emoldurado à madeira.

O canto de Alice cruzando o horizonte como um gavião.

Capim-santo. Sorriso no rosto de Lari.

Take it easy my sister Lari.

A terra sorri sempre que se semeia uma árvore.

Yãkoana, Yagé e o caminho dos Sonhos Lúcidos.

Antes do despertar é necessário atravessar muitas vezes o mesmo lugar.

Antes de seguir adiante é necessário revisitar muitas vezes o mesmo chão.

Antes de abandonar todos os medos é necesário sonhar outra vez os sonhos de antes.

Do outro lado da serra, sorri aquele que não ouso pronunciar o nome.


nuno g.

Toróró, 13 de março de 2024. 

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