Dona Antônia regressou de Feira.
Feijão preto na panela de barro.
Batata-doce arrancada da terra.
O moço da coelba veio ler o registro: 144 reais.
O muro do vizinho segue crescendo.
O mundo vai se estreitando e a visão das pessoas também.
Hora de fazer as voltas-de-rua.
Exames clínicos, pagamentos bancários, escutar o rio.
É novembro: mês do aniversário de Maria, Raquel e Benício.
Lembrei do olho de peixe e da casinha verde.
Ignez foi encontrar o bisavô que saiu do hospital.
Benção mãe Hilda.
Entre os cavalos e os autistas existe algo.
Ana Júlia, tenho pensado bastante em você.
Em você e em Cora Coralina.
Na areia da Faceira tem é coisa escrita.
Os mais antigos à frente.
Existe um abismo imenso entre o olhar e o ver.
Nova nota do exército nos noticiários.
Os militares tupiniquins seguem aferrados às suas raízes podres.
Como um junkie à seringa.
Ou um pinto ao mar de lama e merda.
Os guaranis paraguaios não esquecem.
Todos os exames negativos.
Poesia é caminho.
Macaxeira cozida sem sal.
Imensidão.
nuno g.
Toróró, 11/11/22
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