quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

2021, por M. França

lá naquela esquina tem vacina para a solidão
vc pega o auto o poema pelo avesso
vc pega pelo meu braço e comigo vem ver o mar
o mar nos enlaça na maresia de nossos sonhos.

o leviatã segue em orion, em alegria
neste ano, o carnaval vai passar
neste ano, o são joão terá folguedos e abraços
neste ano, o azul será turvo, cor de chumbo
azul de picasso, azul de modigliani
com toda chuva de ansiedade lá fora, vou pegar o guarda-chuva da poesia
com a sacola de miudezas em cognatos, em morfemas
em vetores, irei fazer uma prece, uma reza, uma oração
cada poema é uma oração
cada pintura é uma oração
cada sinfonia é uma oração.

a timidez dos festejos vespertinos
a solidão dos reveillon de 2020/2021
a crueza dos fardados fascistas
a mudez das crianças e dos velhos por entre máscaras
a palidez dos sonhos e o silêncio dos autos
não me assusta
não me faz desistir desse samba torto
essa febre, esse ritmo, essa toada
da formiga
da cigarra
do poeta
que te diz q o amor é o astrolábio dos sentimentos
e o medo, esse medo, terá o fim.
:a alegria é a prova dos noves.


M. França

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