Do aterro da praia se via o navio
Ancorado em seu próprio peso
Havia uma aranha que andava sobre as águas do mar
A aranha ia e vinha
vinha e ia
Da praia ao barco
Do barco à praia
E trazia as pontas das patas branquinhas
Da cor do sal da espuma do mar
No barco havia uma girafa de asas alaranjadas
E uma zebra com uma língua de fogo
Ou talvez fosse o contrário
Uma girafa com língua de fogo
E uma zebra com asas alaranjadas
Haviam outros animais que não recordo
E outras cores além do verde do mar
Atrás da praia uma coluna de prédios
Árvores de concreto feias e autoritárias
Insistindo em tentar apagar as histórias mágicas do mar
Era uma vez um navio com animais africanos
Encalhados no mar de Iracema
E um índio sentado na praia sonhando
No sonho do indío uma aranha com as pontas das patas branquinhas
Andava sobre as águas do mar
Ia e vinha
Vinha e ia
Do barco à praia
Da praia ao barco
Escrevendo histórias mágicas do mar
Sobre navios, animais, cores, espumas, asas
E outras palavras da bonita língua do mar
nuno g.
Toróró, 08/11/23
Beleza e delicadeza em palavras.
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