O óleo da caixa de câmbio vazou em Teofilândia
Atravessamos o deserto mais uma vez
No Ibó as sertanejas mãos de Jean voltaram a encher de óleo a caixa
As águas do São Francisco estavam mais calmadas que de costume
E todos falavam sobre a colheita das cebolas
As engrenagens da quinta marcha colaram definitivamente
As mãos sertanejas de Jean as arrancaram como quem arranca as vísceras de um pirata
Uma coruja de olhos esbugalhados seguiu caminho conosco
Alice falou do Bené e da Inaê
Mastigamos beterraba, couve e carne assada
O resto da viagem foi desapressada
E quando o sol se pôs já estávamos no meio da floresta do Araripe
Tomamos cumaru, fizemos uma fogueira
Brincamos de macaca e cozinhamos o milho que Luís plantou
Falamos sobre sonhos e sobre o Senhor da Vida e da Morte
Deayunamos frutas com aveia e café negro
Trezentos anos ou a eternidade
E nossos passos entrando no vagão do metrô
E nossos passos cruzando o coração da cidade sagrada
Os olhos do padre Cícero pousados sobre nós
Como as asas do gavião sobre o açude
Ou o clarão da lua sobre a noite imensa
Tomamos mais cumaru e conversamos sobre o pesadelo fascista que nos assola
Chico catou entre as ferragens as engrenagens da quinta
Recordei do velho Aranha e Alice falou sobre a Débora
Assistimos Tico & Teco, comemos baião-de-dois e pizza
O Velho nos abençoou com a palha
E pegamos outra vez a estrada rumo ao fantasmagórico teleférico do Caldas...
nuno g.
Crato, 18 de junho de 2022.
massa, Nuno. Lembrei da Rosa...Vontade de viajar
ResponderExcluirBonito. Já estão no Crato
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