Também tentei tocar com as mãos o indeterminável
E molhar com suor os círculos concêntricos das origens
E foi com os olhos, mais precisamente com os cílios
Que acariciei os círculos concêntricos dos fins
Sorri, quando seus lábios me falaram sobre desistências
& outras coisas impossíveis
Também tentei farejar a luz do esquecimento
& dizer o indizível
Abri os jornais e vi os bombardeiros russos e chineses sobrevoando os céus do oriente
Abri os jornais e vi os diplomatas chineses afirmando:
Tratamos lobos com espingardas
Fiquei imaginando como seria isso escrito em hieróglifo
Fiquei imaginando como seria isso escrito em ideograma
Fiquei imaginando como seria o mundo se não temêssemos a morte
Ouvi o som do escuro e separei a maisena, a vaselina, o suco de limão
Para preparar a massa de biscuit e modelar outra vez o infinito
Abri outra vez os jornais e vi os militares detalhando seus planos para os próximos anos
Orei a Anaximandro e em silêncio bebi o chá que me serviram as montanhas
Talvez essas nuvens guardem as formas da escrita
Capazes de representar os círculos concêntricos do indeterminável
Orei a Anaximandro, repousei a cabeça na pedra delicada
E sonhei com a linguagem do infinito
nuno g.
25 de maio de 22.
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