quinta-feira, 19 de maio de 2022

A sepultura da cobra e o salto da rã

 para Marialice,


Uma concha cor de esmeralda, uma pata de siri, uma estrela do mar

Crustáceos voadores, peixes com patas à luz da lama

Suave água amarelada - espelho da terra

As mãos de Ignez, as mãos de Alice

O sorriso de um peixe com patas e sombrero

Deixando cócegas para trás

Os olhos da cobra desenterrados

Para que ela veja o salto da rã

E o azul do infinito se derramando sobre o céu amarelo

Sob o olhar da Senhora de Roxo

E do dono do destino de todas as almas

Caminho não se esquece, sonho se semeia

Hoje nasceu uma nova árvore na antiga praia

Sob as bênçãos do pintor fugitivo de asas alaranjadas

E as graças do caranguejo perfumado de patas lilases

Caminho não se esquece, sonho floresce

E se colhe - como lírios selvagens entre os bambuzais

E os magníficos corais do Além.


A lua cheia iluminou a aldeia

E as pedras da sepultura da serpente

A lua cheia iluminou o mar que sempre esteve aqui

Acendeu os búzios de nossos contra-eguns

E o silêncio prateado nas folhas da árvore sem-nome

A lua cheia iluminou a aldeia

E os magníficos corais do Além.


nuno g.

Montecristo, 15 de maio de 2022. 

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