De que carne cá dentro vem
aquilo que em mim tenta e pode
escrever o que estou lendo
de outrem?
Não propriamente posse —
antes uma disposição
que internamente se impõe:
o corpo inteiramente votado
ao trânsito dum longo transe.
Não sei de que mais me envolva
tantas horas – nem dos distúrbios
do amor e respetivo sexo.
Cúpida presa mira longe texto.
Correntes desenrolam-me outra
coisa que não seca, conquanto
subam e desçam, carrossel
esconso, áspero silvado
ora escarpa, ora dossel
fluvial, Ó quanta líbido
discípulos da vertigem (à
falta de mais certeiro nome —
sanguíneo pneuma?) pode
trasladar a carne o canhão
para a fome espiritual?
Margarida Vale de Gato
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