o que você chama de paz eu chamo terror / e sim, há sangue correndo entre essas águas do Jaguaribe / a minha insônia traz nome, não O revelo / meu fastio, minha insolência, meu despertencimento / só O que não se reconhece ao espelho interessa / essa fábrica de narcisos engrossando fileiras de algoritmos desenfreados / tenho a madrugada, a neblina e o meu coração cheio de covas abertas e gotas de / o gato mia / o gato foge / o gato se encurrala em seu próprio labirinto como um fauno / como um asno / como um avestruz de penas ruivas / as fezes sobre os sonhos e os dias de adoração ao Senhor / quaresma / quaresma / quaresma / e a nova penitência / como num filme antigo / preto-e-branco / como o manto sagrado do Ceará / o que você chama terror eu chamo paz / e sim, tarda em arder a sarça / a minha revelação traz nome: insônia / tenho a madrugada / a neblina / e esse leve rumor de asas que não me deixa esquecer que atrás da imagem refletida na água evapora tudo o que é sagrado.
nuno g.
muito arrebatador... lindo, forte e verdadeiro
ResponderExcluirMassa! Sou cria dessa terra caótica.
ResponderExcluirDale, poeta. Entre rios e margens... o fio de conta batiza Sto Antonio nas cachoeiras refletidas, insônias...
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