o banzo é uma transcendência diante dos traumas seculares
Davi Nunes
Ela lê os livros que a descobrem.
Ela lê os livros que a revelam.
Ela se lê nos livros que lhe dizem sobre não perder tempo.
Nem tudo é esquecimento.
Nem tudo é árvore.
Ela sente no corpo as sílabas que lhe pronunciam.
Ela sabe não haver mais salvação.
Ela sente na língua o sal do atlântico.
Ela se corrói, se revira e salta.
Ela vai se geografando savana – aqui não.
Ela vai, ainda que sem bússola, revisitando os fichamentos que lhe servem de mapa.
Ela é mais que ela.
Ela é ela e sua linhagem.
Ela está junta a seus ancestrais.
Nua, ouvindo jazz, ilhada.
Ela sabe que lá fora existe uma arma apontada desejando sua cabeça.
Ela sabe que lá fora existe um falo apontado desejando seu desejo.
Ela sabe que na solidão deste quarto respira uma saída.
Ela desarma a armadilha e corta os pulsos.
Ela é sua única herança.
E a cada página a miséria fica para trás.
nuno g.
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