quinta-feira, 23 de julho de 2020

Luto de classes


Nas pandemias, como no cotidiano: ricos sobrevivem, pobres são enterrados.
Nas crises econômicas, como no cotidiano: ricos sobrevivem, pobres são enterrados.
Nas pandemias, como no cotidiano: quem tem privilégios se resguarda, pobres são enterrados.
Pandemias não são guerras: essa é só uma metáfora abusiva e gasta.
Nas guerras, como no cotidiano: ricos sobrevivem, pobres são enterrados.
Nas guerras, nas pandemias, no cotidiano: ricos sobrevivem, pobres são enterrados.
No fascismo, como no cotidiano: ricos sobrevivem, pobres são enterrados.
Amanhã nos noticiários teremos tudo junto e misturado:
Pandemia, crise, fascismo e guerra,
como no cotidiano:
Ricos seguirão sobrevivendo.
Pobres seguirão sendo enterrados.

nuno g.
Cachoeira, 23 de julho de 2020.

2 comentários:

  1. Tempos difíceis em que até o poeta se vê amarrado na concretude da realidade.
    Abraços, Nunin!!!

    Ricardinho.

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  2. Sigamos nós buscando esperança nas vidas que insistem em nascer no meio do caos, tentando encontrar uma brecha na realidade que nos insiste em dizer que ricos sobreviverão e pobres seguirão sendo enterrados. Como na história e no cotidiano, quilombos sempre existiram e seguirão re-existindo. Façamos os nossos!

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