para Claudio Reis,
todas as Marias são palestinas
Eles chegaram e bailaram a noite inteira
entre as nuvens e o cume da chapada
entre as árvores de Tempo
e as águas do amanhecer
todos os soldadinhos do Araripe são palestinos
Eles bailaram a noite inteira
entre meus sonhos trôpegos e o Sonho límpido da terra
entre o tempo das árvores
e as águas do entardecer
todos os espíritos são palestinos
inclusive os que nos estendem a mão
quando os rumores nos ameaçam
Eles sabiam que ali estavam guardados
e sob o escudo Azul ergueram a ciranda-matriz
colunas de salamandras e batalhões de encantados
ao som de pífanos e zabumbas
Eles também se sabiam palestinos
e desconheciam qualquer hesitação.
Eles dançaram a noite toda
entre as estrelas e as estrelas da madrugada
Eles eram muitos e tinham nomes sagrados:
Cachoeira, Mosquito, Império.
Margaridas de couro cravejadas no peito
e os três caminhos selados nas palmas do espelho.
Eles eram palestinos e herdeiros
e nunca nos deixaram esquecer
que até o mais agônico cortejo
é regido por uma austera e faiscante alegria.
Eles bailaram a noite toda
e como os Magos Reis da antiguidade
foram guiados por Vênus e Andrômeda
até o terreiro sagrado de Mestre Aldenir
xilogravado na lira esmerada de Walderêdo Gonçalves.
guiados pela lua
abriram os três caminhos:
fertilidade, delicadeza, alegria:
e a memória das coisas que nunca se devem esquecer.
Toróró, 07 de dezembro de 2021.
nuno g.
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
gira de Mateus
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