Em tua cama de areia e pedra descansa, menino
E ainda assim, soterrado antes, hás de sonhar
Entre a torrente incessante de sonhos que é tua única
realidade
Sempre retornará a imagem daquele efêmero instante
Em que nos meus braços teus olhos fechados
E teus cabelos encaracolados
Em tua cama de pedra e areia descansa, menino
Para nós, os nascidos, tudo se resume a efêmeros instantes
Ao contrário, para ti, natimorto
Nada é efêmero e só existe a estrada da eternidade
Descansa menino, descansa
Sob o fio de luz desta vela que te acendo,
Descansa,
E com tuas mãos morenas vais abrindo o caminho
Por onde passam as serpentes emplumadas
E a legião dos cegos missionários da floresta
Em tua cama azul e amarela, descansa meu menino
Descansa como descansarias na rede que te teceu a aranha
rendeira
Descansa e escuta minha prece, menino
Entre a torrente incessante de teus sonhos
Sentirás o perfume destes incensos que te acendo
Ian, anjo entre anjos,
Luz, firmeza e a consciência profunda dos que se recusam a
abandonar a eternidade.
Nuno g.
Toróró, 14 de dezembro de 2021.
Que belo. Emocionante
ResponderExcluirNuno...Me afogo, me afago, estrelo e encho-me Lua em tua poesia. Tão linda é tua pertença ao sagrado, que é simplesmente tudo que em mim até a dor, dói bonito!
ResponderExcluirBicho, mano veio, tá escrevendo bem para caramba
ResponderExcluirMaravilhado Nuno.
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