quinta-feira, 5 de novembro de 2020

sonho.

Despertei no Jaguaribe,

na ilhota para ser preciso.

Trazia às mãos umas unhas verdes,

compridas e bem feitas.

Um boiadeiro tangia umas vacas,

à sombra da ponte as garças e um cágado.

Havia uma feira dentro da água,

muitos violeiros, muitas putas e uns cães.

Um arco-íris na direção do Quixeré,

uma escuridão pros lados das Baraúnas.

Acordei mais surdo,

o tempo cobra – nestes tempos até os juros sabem à chumbo.

Cuscuz com ovo & café com leite.

Benjamin regressou. Desentupimos as bocas do fogão.

Tudo indica que esse ano não encontrará seu término em dezembro.


Já é novembro e a chuva não cessa:

é a terra chorando as águas do futuro... 


nuno g.


3 comentários:

  1. A questão é saber se essas águas serão doces ou serão amargas!

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  2. Uauuuu! Quando vais ver de perto essas águas ainda esse ano?

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  3. águas telúricas e transcendentais. Escrita como navalha afiada. Esperamos que esse ano "tenha fim". Abraço, amigo poeta.

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