Porque assim como há fantasmas que parecem remédios,
assim há remédios que parecem fantasmas.
Cousa notável, que o mesmo que lhes metia medo como perigo,
os livrou da tempestade como remédio.
Padre Antônio Vieira
sobreviverei a isso e esse é meu único temor real: meu único medo que não é imaginário.
não quero mais estar aqui, faz tempo.
a minha vida foi sempre uma luta corporal contra o luto, estou exausto.
tenho tanto apreço pelos meus contemporâneos quanto os vampiros ao alho.
eles só querem que isso passe, eu só quero ir à grande Aldeia.
nada nos une, nenhum nó nos ata.
nos próximos dicionários deveria se escrever dinheiro onde se lê alma.
não creio em amor, creio em Maria - ela também veio do que antecede o nada.
tem gente que escreve com palavras.
só sei escrever com as vísceras.
e quando escrevo silêncio, águas, mata,
é uma forma de orar.
é uma vela amarela que acendo.
é um pedido que faço.
não quero ser condenado a sobreviver ao fim do mundo.
com ter que ser e estar entre meus contemporâneos é uma punição que já basta.
os que me pensam pessimista estão longe.
os que não me pensam quase me agradam.
quando escrevo serpente invoco o veneno que ao parecer remédio é fantasma.
quando escrevo nada o que quero dizer é tempestade.
nuno g.
Sinto parecido...
ResponderExcluirsenti isso do teu silêncio...
ResponderExcluir