No quiero
Que mis muertos descansen en paz
Tienen la obligación
De estar presentes
Vivientes en cada flor que me robo
Stella Díaz Varín
uma vez mais entre os que cruzaram a fronteira do rio
seus olhares desfigurados, suas fraturas expostas, seus corpos em escombros
seus sorrisos atados ao laço como animais de estimação
e meus braços remando contra todos os ventos
apenas a memória machucada içada como bandeira de um barco pirata
e o ranger de dentes ecoando no coração da árvore chamada Tempo
uma vez mais entre os que cruzaram todas as fronteiras
imperturbável e sereno ante a tempestade impenetrável
buscando apenas um lugar de repouso e descanso
sem saber como ensinar alguém a amar o que é em si detestável
suas feridas expostas, cicatrizes indesejáveis e a sombra da lua sobre as águas
apenas a memória machucada alçada à condição de sina inevitável
uma vez mais entre os que habitam a casa onírica das centopeias e caracóis
apenas o rio, o vento e o sangue do sol banhando a nudez das estrelas...
nuno g.
Toróró, 24/09/24.
Belíssimo. Me vi neste poema.
ResponderExcluirCruzar a fronteira dos rios e todas as outras fronteiras e navegar no infinito, na imprecisão, na imensidão... conversar com as estrelas, com os nossos mortos e as nossas sombras.
ResponderExcluir