sábado, 20 de abril de 2024

eclipse

às vezes o silêncio grita

e tem sempre muito amor no silêncio

Tempo / velho amigo - te agradeço por cada passo

em direção à dissolução de todos os temores não-imaginários

às vezes o geólogo treme ante as camadas de terra entranhadas em seu corpo

e tem sempre muito amor em toda terra

às vezes a memória arde

e tem sempre muito amor no arder da memória

Tempo / velho amigo - te agradeço por cada passo

em direção à dissolução de todos os afetos não-imaginários

tem sempre muito amor em tudo que é amargo

ante às águas e o brilho

tocam meus joelhos os subterrâneos de mil faces

e reflete em suas lâminas os labirintos estreitos de onde venho

as montanhas de cansaço cansaço e mais cansaço

e sim, tem sempre muito amor no cansaço

tem sempre muito amor na distância

tudo que é vago atrai quem já não mais tem outro medo além dos imaginários


nuno g.

Toróró, 20 de abril de 2024.

Nenhum comentário:

Postar um comentário